"(...)
De novo atira o seu batel nas ondas,
Trabalha, luta e se afadiga embalde
Até que a morte lhe desmancha os sonhos.
Pobre insensato - quer achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!"
Casimiro de Abreu, "Fragmentos".
Assistimos, mais uma vez, ao naufrágio, ainda no ancoradouro, do sonho de um homem que queria ser presidente. Não se tratava de um lunático ou um arrivista. Em um país que se gaba de ter um presidente que foi operário, eleito sem diploma superior, negar-se o direito de alguém, com um currículo político como o de Ciro Gomes, ser candidato a presidente, é algo no mínimo estranho.
A Comissão Executiva Nacional do PSB não se furtou a elogiar Ciro Gomes e, na nota que foi divulgada nesta terça-feira (27), o fez nos seguintes termos:
“Administrador vitorioso em diversos níveis de governo, homem de ideias e de atos em favor do País, Ciro Gomes engrandeceu o debate republicano” ( http://bit.ly/dl51nc ).
Logo, Ciro não foi considerado, em nenhum momento, um mau candidato ou uma má opção para o país.
Acaso o desempenho de Ciro Gomes nas pesquisas prenunciava um resultado semelhante ao de Aureliano Chaves ou Ulisses Guimarães, em 89? Longe disso. Embora em queda, sustentava-se próximo dos 10% - nada mau para um início de disputa.
A Comissão Executiva Nacional do PSB não se furtou a elogiar Ciro Gomes e, na nota que foi divulgada nesta terça-feira (27), o fez nos seguintes termos:
“Administrador vitorioso em diversos níveis de governo, homem de ideias e de atos em favor do País, Ciro Gomes engrandeceu o debate republicano” ( http://bit.ly/dl51nc ).
Logo, Ciro não foi considerado, em nenhum momento, um mau candidato ou uma má opção para o país.
Acaso o desempenho de Ciro Gomes nas pesquisas prenunciava um resultado semelhante ao de Aureliano Chaves ou Ulisses Guimarães, em 89? Longe disso. Embora em queda, sustentava-se próximo dos 10% - nada mau para um início de disputa.
Teria Ciro Gomes sido preterido por outro nome do PSB? Também não. Ninguém postulava, ao menos que fosse de conhecimento da grande mídia, tirar-lhe a condição de ser a opção preferencial dentre os socialistas.
Mesmo sendo uma pessoa séria e com boas idéias, sem rejeição ou concorrência dentro do partido e com bom potencial eleitoral, Ciro Gomes foi preterido por Dilma Rousseff, a pupila do presidente Lula, em troca de apoio deste e do seu partido a candidatos do PSB nos estados.
À falta de um nome mais apropriado para esse fenômeno, diria que o PSB está se peemedebizando.
Em três eleições consecutivas vimos episódios vergonhosos, de cerceamento do debate eleitoral, antes mesmo de iniciada a campanha. O PMDB tinha sido o protagonista nas duas ocasiões anteriores. Em 2002, negou o direito de Itamar Franco ser candidato. Em 2006, foi Anthony Garotinho a vítima. Hoje, é o PSB que nega esse direito ao ex-governador, ex-ministro da Fazenda, ex-ministro da Integração Nacional e deputado federal Ciro Gomes.
Ainda que não ganhassem, a simples presença de tais candidatos poderia alterar totalmente o jogo eleitoral, de forma imprevisível. Não há, portanto, como mensurar a falta que Itamar fez em 2002, ano da eleição de Lula. Ou a de Garotinho em 2006 (que tivera 15 milhões de votos em 2002). Nem é diferente com Ciro Gomes.
Os seus oponentes animam-se, na esperança de conseguir atrair o eleitorado recentemente órfão de outra opção. Não se apercebem, talvez, de algo perigoso para a democracia: candidato a presidente, no Brasil, parece estar em extinção.